Sequela é ir atrás de alguém.
De acordo com o costume rabínico judaico, os discípulos seguiam seu mestre seguindo-o em seus movimentos.
Jesus é seguido, de forma mais ou menos permanente, por aqueles que ele escolhe e chama (cf. Mc 1, 17 e par.; 10, 21 e par.; Lc 9, 57-62 e par.; Jo 6, 67- 69).

Há outro seguimento que não implica ir materialmente atrás dele, mas aceitar e pôr em prática a sua doutrina (cf. Mc 8,34; Jo 8,12).

Segue um conceito e uma realidade chave: é o que qualifica o cristão e supõe uma transformação radical.
É a transformação da fé.
“Crer”, ter fé, não significa apenas saber que Deus existe e nem mesmo saber apenas que Jesus é Deus feito homem, morto ou ressuscitado. Crer significa conversão com vida (Mt 7,21-27; Mt 11,28-30).

Há uma primeira conversão: quando passamos do não crer ao crer. Depois, há uma conversão contínua, porque é um caminho que deve durar uma vida inteira, um crescimento contínuo, no qual a vida se renova cada vez mais, conformando-se cada vez mais a Cristo.

Crer é então “seguir” Cristo (que também nos diz hoje: “Segue-me!” – Mt 9,9; Mc 1,17; Lc 9,23; Lc 18,22; Jo 2,43; Jo 21,19)

Um homem que tem fé, que crê, é aquele para quem Cristo não é mais um estranho, uma coisa abstrata, mas um ser vivo.

O homem que tem fé, que crê, que vive em relação com Cristo, sabe que Ele é Deus, que Ele nos criou, que nos conhece mais do que ninguém, que sabe qual é a nossa necessidade mais real, além do que de tempos em tempos pode parecer-nos: Cristo é a Verdade!
Portanto, crer é obediência: entender que a verdadeira liberdade não é seguir a sensação do momento, mas seguir cada vez mais a verdade, que é Cristo. Ele é o sentido pleno da vida, Ele me diz o verdadeiro sentido de tudo na vida.
Portanto, é necessário aprender cada dia mais a “verdade” que Ele é, que é a verdade de nós mesmos. É uma vida nova, que pode e deve crescer gradualmente em nós.
Crer é então uma coisa muito concreta: seguir Cristo e Sua palavra em todas as coisas da vida. Não há nenhum aspecto da vida que seja verdadeiramente neutro: seja de acordo com Cristo, de acordo com a verdade, ou contra Cristo, que é, em última análise, contra a verdade de nós mesmos.

O homem que tem fé é então o homem empenhado num caminho de “conversão contínua”: uma luz que ilumina progressivamente todas as áreas da vida. Trata-se de ainda reconhecer o “pecado” que há em nós, mas pelo menos não o querer, não o planear, pedir o perdão, com a confiança de que com a sua “graça”, com a sua ajuda, ser conquistado pouco a pouco, e toda a vida se tornará cada vez mais nova.

Crer significa viver esta companhia com Ele, esta abertura a Ele, esta relação contínua com Ele. Daí vem a necessidade da oração: não algo para fazer, mas uma amizade misteriosa e real com Ele. Só isto supera mais profundamente a nossa solidão, a um que ninguém ou ninguém no mundo poderia realmente preencher.
E é preciso rezar muito, fugir da distração, do esquecimento, ou seja, viver como se ele não estivesse ali, como se não fôssemos amados por ele, como se não fôssemos dele. E, portanto, é necessário fazê-lo mesmo quando não temos vontade: caso contrário, ainda somos escravos do humor do momento e somos sugados para o vazio.

Algumas maneiras erradas ou redutivas de entender a “fé” a fé não é apenas uma série de atos de adoração a serem feitos (oração, missa, …), mas uma comunhão pessoal com Cristo e segui-lo em todas as coisas da vida.
A fé não é apenas uma moralidade, um conjunto de coisas a fazer ou não fazer, mas uma nova vida, a vida de Cristo, que cresce em nós.

A fé parte da consciência, ou seja, da nossa interioridade pessoal (onde ou estamos sozinhos, porque ninguém pode entrar nela, ou encontramos a companhia de Deus), mas não deve recair no “subjetivismo”. Por exemplo, fazer de mim uma fé “do meu jeito” seria como nos iludirmos, como construir uma resposta que vem de Deus. existente. Pode ser confortável, mas não me salva. De fato, no final da minha vida, serei julgado não de acordo com minhas opiniões, mas de acordo com a verdade que é Cristo.

A fé é certamente uma descoberta pessoal e uma decisão de seguir a Cristo, entrando em relação com ele; mas não é “individualista”. O próprio Cristo chama um por um, mas evidentemente cria uma comunidade, um povo, a assembléia dos salvos (Igreja). Sozinho, entre outras coisas, corro o risco descrito acima de me tornar uma falsa religião, à minha maneira.
A fé não é algo “parcial”, um tempo parcial que diz respeito apenas a alguns momentos da minha vida (por exemplo, a Missa); envolve tudo, porque não há nada em mim que não seja iluminado por Cristo em seu verdadeiro significado (lembre-se: Deus não se engana). Pegar uma coisa e deixar outra significaria ainda não ter entendido que Jesus é Deus, que é o sentido absoluto, último de todas as coisas. Tudo sobre nós é de fato conhecido por ele; e tudo deve ser vivido de acordo com a verdade (pelo menos tentando fazê-lo, sem fazer outros planos de vida).

A fé não é apenas um sentimento (um sentimento), mas leva a pessoa inteira: razão, vontade e sentimento; espírito, mente e corpo. Portanto, é necessário usar todos esses elementos na jornada.
Então também conhecimento: raciocínio sobre os conteúdos da fé e da moral, para a fascinante descoberta de que a verdade é uma só.
Até a vontade: segue-se a Cristo se compreendeu, mas compreende-se cada vez mais também seguindo-o, experimentando-o; sem se deixar capturar pelo desejo ou pela falta de vontade do momento.
O corpo também deve ser envolvido: porque nossa pessoa é uma unidade, que às vezes se fragiliza (e não crescemos em humanidade se deixarmos corpo, mente e espírito caminharem em caminhos paralelos); por isso também nossa afetividade e nossa sexualidade devem ser gradualmente transformadas pela graça de Deus, devem ser purificadas do pecado (caso contrário, também afeta negativamente a psique e o espírito) e vividas com verdade.